A Ectasia Vascular do Antro Gástrico (GAVE) é uma condição rara associada à hemorragia digestiva e anemia significativa. Reconhecida pela primeira vez por Jabbari em 1984. Apesar de rara, é importante causa de hemorragia digestiva alta, responsável por 4% das hemorragias altas não varicosas. É uma malformação vascular adquirida no antro gástrico que consiste em vasos tortuosos e dilatados, distribuídos em faixas raiadas a partir do piloro, semelhante a superfície de uma melancia.
Mais comum em mulheres, na proporção de 3:1 em relação aos homens, com idade média de 70 anos, sendo muito raro abaixo dos 50. Frequentemente está associada a cirrose hepática e doenças auto-imunes ou do tecido conectivo, como cirrose biliar primária, hipotireoidismo, insuficiência renal crônica, diabetes e gastrite crônica atrófica.
O paciente geralmente se apresenta com história de anemia ferropriva crônica, com mais de dois anos, e episódios de melena. É comum o exame endoscópico prévio com diagnóstico de gastrite enantematosa intensa ou hemorrágica. As biópsias endoscópicas mostram a presença de ectasia vascular da mucosa com trombos de fibrina.
Sua etiologia é desconhecida, contudo sua apresentação clínica, seu aspecto endoscópico e suas alterações histopatológicas fazem supor que se trata de condição adquirida.
A antrectomia cirúrgica foi a primeira forma de tratamento descrita. Leva ao controle da anemia crônica em praticamente todos os pacientes, porém o fator limitante é o alto risco cirúrgico, geralmente devido a idade avançada e frequente associação com comorbidades graves.
O tratamento medicamentoso não altera os achados endoscópicos/ histológicos e não apresentam papel definitivo na melhora do sangramento. Pequenas séries de casos mostram discreta melhora na perda sanguínea dos pacientes, porém com frequência os pacientes abandonam o tratamento devido aos efeitos colaterais das drogas empregadas.
O tratamento endoscópico atualmente é a opção terapêutica mais empregada. Entre os métodos utilizados podemos citar a eletrocoagulação com plasma de argônio (APC), ligadura elástica e ablação por radiofrequência.