A fissura anal é uma afecção anorretal muito comum. Foi descrita pela primeira vez em 1934 por Lockhart-Mummery. Sua etiologia está associada com algum tipo de trauma no canal anal, seja por fezes endurecidas, irritação local por diarréia, cirurgia anorretal ou relação anorreceptiva. Como resposta ao trauma, ocorrem espasmos e aumento da pressão do esfíncter anal causando isquemia da musculatura.
São encontradas com igual frequência entre homens e mulheres e mais comuns em adultos jovens. Nas fissuras atípicas outras doenças devem ser afastadas como causa, entre elas: Doença de Crohn, retocolite ulcerativa, câncer de ânus, tuberculose, HIV, sífilis, herpes, leucemia,
As fissuras podem ser classificadas em agudas ou crônicas; nas fissuras agudas, com a perda de continuidade da anoderme, devido à uma ruptura rasa, o paciente irá apresentar queixas de dor anal (presente em mais de 90% dos casos e que está associada à defecação) e sangramento após evacuar (71%, de cor vermelho vivo). As fissuras crônicas ocorrem quando essa patologia persiste por mais de 6-8 semanas e nesses casos é possível perceber as fibras do esfíncter interno expostas e externamente um plicoma sentinela que muitas vezes é doloroso ao toque.
O diagnóstico da fissura anal é realizado durante o exame físico, na inspeção e, uma vez diagnosticada a fissura o toque e a anuscopia estão contra-indicados devido à dor e desconforto que podem causar ao paciente.
Os objetivos do tratamento consistem em manter um hábito intestinal regular (evitando a constipação e o trauma das fezes ressecadas) e evitar outras possíveis causas de trauma no canal anal. Se faz necessário o relaxamento do esfíncter para melhorar o fluxo sanguíneo e consequentemente a cicatrização e aliviar os sintomas de dor enquanto o anoderma cicatriza. A maioria das fissuras têm boa resposta ao tratamento clínico. Em alguns casos se faz necessário o estudo manométrico para avaliação das pressões do canal anal e indicação do melhor tratamento. Quando o tratamento conservador falha pode-se optar pelo tratamento com toxina botulínica, a cirurgia também é considerada para tratamento definitivo.
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