O câncer colorretal representa a terceira causa de câncer no Brasil. Metástases hepáticas de câncer colorretal (MHCCR) poder ocorrer em 15% a 20% dos casos no momento do diagnóstico e em 60% dos casos ao longo da vida destes pacientes. Devido à alta prevalência da doença, assim como à melhor compreensão da biologia tumoral, da anatomia hepática e ao surgimento de quimioterápicos mais eficazes junto aos aprimoramentos na imagem, na condução anestésica e nos cuidados pós-operatórios, as hepatectomias para o tratamento das MHCCR tornaram-se a principal indicação de ressecção hepática no mundo ocidental.
A história natural dos pacientes com MHCCR não tratados cirurgicamente implica uma expectativa de vida raramente maior do que cinco anos. Por outro lado, a ressecção das MHCCR pode propiciar uma sobrevida global em cinco anos de 35% a 57% dos pacientes. Com base em pacientes tratados cirurgicamente e em seus prognósticos, escalas de risco de recidiva foram criadas, ajudando a selecionar os pacientes que melhor responderiam ao tratamento cirúrgico. Fong et al. (1995) descreveram uma escala de pontuação de 0 a 5 em que todos os itens avaliados são pré-operatórios: número de lesões maior que 1, lesão igual ou maior que 5cm, antígeno carcinoembriônico (CEA) igual ou superior a 200ng/dL, linfonodo positivo no tumor primário e intervalo livre de doença igual ou inferior a 12 meses; cada um deles correspondem a um ponto. Pacientes com pontuação de 0 a 2 apresentam sobrevida a longo prazo mais favorável; pacientes com pontuação de 3 a 4 apresentam pior prognóstico com taxa de recidivas maiores e mais precoces, tendo sido recomendada pelos autores a complementação com quimioterapia adjuvante. Os pacientes com pontuação 5 não se beneficiariam da cirurgia por terem apresentado um recidiva muito precoce. Este estudo mostrou uma sobrevida global em cindo anos de 37% com mediana de sobrevida de 42 meses.
A hepatectomia é o tratamento padrão para MHCCR inicialmente ressecável ou convertida em ressecáveis após quimioterapia. O uso de quimioterapia complementar é uma realidade na maioria dos grandes centros mundiais. No entanto, o momento ideal para a sua administração permanece controverso. O desempenho clínico do paciente, a agressividade de sua doença, o volume tumoral e a localização das lesões são fundamentais para definir a estratégica de tratamento. Ressecções hepáticas de MHCCR são válidas apenas quando a remoção completa de todas as lesões com margens livres for factível, visto que a ressecção parcial do fígado, apenas a diminuição do volume tumoral hepático, não tem benefício demonstrado.
A seguir um artigo sobre gestão atual e perspectivas futuras nas metástases hepáticas colorretais
Colorectal liver metastases: Current management and future perspectives
Jack Martin, Angelica Petrillo, Elizabeth C Smyth, Nadeem Shaida, Samir Khwaja, HK Cheow, Adam
Duckworth, Paula Heister, Raaj Praseedom, Asif Jah, Anita Balakrishnan, Simon Harper, Siong Liau, Vasilis
Kosmoliaptsis, Emmanuel Huguet