A pancreatite aguda é definida com uma condição inflamatória aguda não bacteriana do pâncreas, derivada da ativação precoce de enzimas digestivas no interior das células acinares, com comprometimento variado da própria glândula, tecidos vizinhos (peripancreáticos) e outros órgãos, determinando manifestações locais e/ou sistêmicas de grau variado.
Representa uma das causas mais comuns de internação clínica aguda dentre as doenças gastrintestinais nos EUA, com mais de 270.000 pacientes admitidos anualmente, com uma incidência anual crescente relatada de 13 a 45 casos por 100.000 habitantes.
A pancreatite aguda apresenta um espectro de doença que varia de um curso leve em cerca de 80% a 85% dos casos, autolimitados e que necessita apenas de internação hospitalar breve, para um curso fulminante de doença acompanhada de falência orgânica única ou múltipla. Aproximadamente 15% dos pacientes apresentam necrose pancreática e/ou peripancreática, a qual está associada com internações que podem ser prolongadas por semanas ou meses.
A apresentação clínica geralmente se inicia com dor abdominal de início súbito no andar superior “em faixa” ou difusa, com irradiação para dorso, e pode estar associada a sintomas, tais como náuseas, vômitos, plenitude pós-prandial, distensão abdominal com ou sem peritonismo no exame físico. Vários outros sinais e sintomas podem estar presentes, como colúria, icterícia, hipocolia, febre, calafrios, taquicardia, taquipneia, desidratação e hipotensão. Os sinais clínicos de Cullen e Gray-Turner, respectivamente, as equimoses da cicatriz umbilical e flancos, são raros, inespecíficos, e estão relacionados com hemorragia retroperitoneal.
Vários fatores etiológicos podem ser relacionados aos episódios de pancreatite aguda. As causas mais comuns são de cálculo biliares, lama biliar ou após abuso alcoólico. A utilização mais rotineira de colangiopancreatografia retrógrada tem colaborado para um aumento na incidência da pancreatite aguda, haja vista que essa é uma das complicações relacionadas a esse método. Entre outras causas menos comuns há as traumáticas, pós-operatórias, infecciosas, medicamentosas, hipercalcemia, hipertrigliceridemia e autoimune.
O diagnóstico pode ser inicialmente elaborado no quadro clínico. A dosagem sérica de amilase é o teste mais utilizado para o diagnóstico, a maioria dos estudos considera valores acima de três vezes em comparação ao limite superior da normalidade como diagnóstico. A dosagem de lipase sérica também pode ser usada no diagnóstico, sua elevação inicia-se algumas horas após o insulto, com o pico em 24 horas. A tomografia computadorizada é considerada como o principal método radiológico diagnóstico.
A abordagem terapêutica é ampla, e é baseada no grau de gravidade da pancreatite e no fator etiológico.
Abaixo uma revisão sistemática sobre pancreatite aguda associada à COVID-19.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7596641/pdf/WJG-26-6270.pdf